“Já faz um tempo que você não dá entrevistas, adoro ouvir
você enchendo os ouvidos deles com palavrões” Camille acabou o comentário
rindo, apesar de todas minhas merdas ela não falava muito palavrão, “Vamos
então, hoje eu entrevisto você, me conte sobre sua adolescência.” que pergunta,
minha adolescência num é nada que seja de se admirar.
Sua curiosidade me fez lembrar de velhos tempos em que o cabelo
negro deslizava ate o meio das costas, os brincos balançavam na orelha e a
calça justa com a camisa de banda rasgada me acompanhavam. Sai de casa cedo pra
morar em um pequeno apartamento no centro da cidade com uma advertência na
porta “danger, heavy metal” e um eddie desenhado na parede de dentro ao lado da
janela, naquela época com 18 anos, ao lado da cama algumas garrafas de cerveja,
um cabide cheio de roupas e um lixo próximo com alguns pacotes de camisinha que
tinha sorte de lembrar para jogar fora. Passava meus momentos de descanso a
tocar algumas musicas, sentava em cima de uma mesa e colocava o abajur focado
em mim, eu possuía um publico interessante de mosquitos e baratas, as vezes dava
sorte quando uma rata - a qual eu batizara de Vodka - que morava no apartamento
ao lado vinha me visitar, ali eu fazia meu acústico, acredito que ate ouvia
alguns aplausos após uma musica rock n’ roll.
Deitado na cama era sempre o mesmo elogio que recebia após
uma musica bossa nova “que linda” era minha deixa para ficarmos nus suando
naquela pequena cama que me aguentava nas noites. Algumas gritavam alto
enquanto outras davam um tímido gemido após o orgasmo, cada uma com sua beleza
e charme que me conquistava mesmo que por um dia ou um ano.
Foram tempos em que eu meditava sobre minhas ideias... As
lembranças contam nossas historias de uma forma engraçada... “que tal, fazermos
lembranças hoje” ela disse...
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