sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Back in black

   “Já faz um tempo que você não dá entrevistas, adoro ouvir você enchendo os ouvidos deles com palavrões” Camille acabou o comentário rindo, apesar de todas minhas merdas ela não falava muito palavrão, “Vamos então, hoje eu entrevisto você, me conte sobre sua adolescência.” que pergunta, minha adolescência num é nada que seja de se admirar.

  
  Sua curiosidade me fez lembrar de velhos tempos em que o cabelo negro deslizava ate o meio das costas, os brincos balançavam na orelha e a calça justa com a camisa de banda rasgada me acompanhavam. Sai de casa cedo pra morar em um pequeno apartamento no centro da cidade com uma advertência na porta “danger, heavy metal” e um eddie desenhado na parede de dentro ao lado da janela, naquela época com 18 anos, ao lado da cama algumas garrafas de cerveja, um cabide cheio de roupas e um lixo próximo com alguns pacotes de camisinha que tinha sorte de lembrar para jogar fora. Passava meus momentos de descanso a tocar algumas musicas, sentava em cima de uma mesa e colocava o abajur focado em mim, eu possuía um publico interessante de mosquitos e baratas, as vezes dava sorte quando uma rata - a qual eu batizara de Vodka - que morava no apartamento ao lado vinha me visitar, ali eu fazia meu acústico, acredito que ate ouvia alguns aplausos após uma musica rock n’ roll.
   
   Deitado na cama era sempre o mesmo elogio que recebia após uma musica bossa nova “que linda” era minha deixa para ficarmos nus suando naquela pequena cama que me aguentava nas noites. Algumas gritavam alto enquanto outras davam um tímido gemido após o orgasmo, cada uma com sua beleza e charme que me conquistava mesmo que por um dia ou um ano.
  

   Foram tempos em que eu meditava sobre minhas ideias... As lembranças contam nossas historias de uma forma engraçada... “que tal, fazermos lembranças hoje” ela disse...

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